Sensei Angelo Villaça

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Judô: luta única, de essência imutável

Pelo fato de ter aprendido, praticado e ter sido competidor durante os "annos mirabilis” do Judô Mundial, tenho agora, na condição de professor, a obrigação de argumentar e tecer comentários sobre o artigo de Bruno Doro, do Uol Esportes(1). Sinto certa satisfação nessa argumentação, pois em meus artigos anteriores, “O Judô Moderno"(2) e “Thiago Camilo salva o Judô Mundial"(3) em 2007, venho comentando e divulgando minha preocupação com o Judô nacional e internacional.

As novas regras da Federação Internacional de Judô (FIJ) visam justamente resgatar o Judô que estava sendo descaracterizado por influência de lutadores do Leste Europeu. Adeptos de Sambo (Rússia), Kurash (Uzbequistão) e de outras lutas tradicionais e similares passaram a praticar Judô, pois dessa maneira poderiam participar de campeonatos Internacionais e Jogos Olímpicos. O agarramento nas pernas e levantamentos para arremessar o adversário são técnicas específicas dessas modalidades, e que usadas nas lutas de Judô, permitiram certo incremento vantajoso e competitivo, resultando em inúmeras vitórias, às vezes inesperadas. Tais “técnicas” começaram a ser praticadas e aceitas, ou ignoradas, por dirigentes e árbitros que não estavam preocupados com as tradições do Judô. Muitos atletas no mundo, inclusive alguns brasileiros, também sob influência, passaram a utilizá-las, apesar do nosso Judô sempre ter sido bem próximo e semelhante ao japonês.

Hoje esses lutadores e seus seguidores, com as novas regulamentações, não sabem lutar o Judô na sua essência e assim se acham prejudicados!

Desta forma entendo que não foi nenhuma “decisão radical” da FIJ, e sim uma preocupação de dirigentes que praticaram o verdadeiro e tradicional Judô, que, em tempo, perceberam o mau caminho que estava sendo levada a modalidade e seus princípios. Desde a introdução do koka, yuko e as penalidades em 1974, não se buscava mais o Ippon, a técnica perfeita. Qualquer queda valia alguma pontuação e os atletas e técnicos começaram a adotar táticas de luta para penalizar o adversário por falta de combatividade e saídas da área de luta. A dificuldade para segurar no judogui era evidente e agarrar nas pernas se tornou mais fácil. Fundamentado em técnica e velocidade o Judô japonês, tinha dificuldade para enfrentar adversários que evitavam segurar no judogui e apenas se utilizavam da força física. Assim mesmo o Japão com certa dificuldade em fazer esse tipo de luta, vencia em algumas categorias.

É preciso entender que o Judô é único. Podemos citar o exemplo do Sumo, 23 a.C., padronizado como luta em 710 a.D.(4) se mantém até hoje fiel às suas tradições. Atualmente lutadores da Mongólia, como, Asashoryu e Hakuho (nomes japoneses), que são grandes campeões (Yokozuna) de Sumo no Japão, assim como, Kotooshu da Bulgária aprenderam e praticam o Sumo Japonês. Suas técnicas são as de Sumo e nunca se tentou introduzir ou permitir, qualquer tipo de técnica de lutas estrangeiras nessa modalidade.

Portanto não existe atleta “prejudicado” pelas novas regras, o que existe é falta de conhecimento teórico/prático dos fundamentos do Judô. Prof. Jigoro Kano na sua preocupação pedagógica, também ensinou técnicas de posicionamento do corpo (tai sabaki), técnicas de bloqueio, desvios e técnicas de defesa, fundamentadas no “Sen no Sen” e “Go no Sen”, denominações de 1888, que hoje precisam novamente ser citadas nos comentários das novas regras, uma vez que esses princípios deixaram de ser ensinados e praticados.

A disputa pela pegada (kumi kata) é fruto da falta de orientação. Praticantes e atletas, temerosos em serem dominados e derrubados dificultam o contato direto tomando posições defensivas e abaixando o quadril, não praticando mais as defesas, parte essencial do Judô. Judoca nenhum precisa praticar “novas técnicas” ou “inventá-las”, estão todas classificadas pedagogicamente, desde que o Prof. Jigoro Kano as organizou em 1900. Consequentemente não existe nenhuma “grande mudança”.

O Judô como luta foi criado através de pura técnica embasado no desequilíbrio e arremessos perfeitos, visando o aperfeiçoamento do ser humano num contexto biológico, psíquico e social. Prof. Jigoro Kano preconizava, “... e no Judô a busca pela perfeição técnica e espiritual envolve; conduta moral, disciplina, autocontrole, respeito, seriedade e sinceridade...” e,“...a competição tem validade como meio de avaliação do processo de desenvolvimento pessoal adquirido em sentido amplo, isto é, espiritual, moral e técnico..."(5).

É a essência que lutas ocidentais não possuem.

Odair Borges

Referências:
(1) Artigo disponível em arquivo JudoBrasil - 16/02/2010
(2) Artigo disponível em arquivo JudoBrasil - 03/08/2007
(3) Artigo disponível em arquivo JudoBrasil - 21/09/2007
(4) Draeger, D.; Smith, R. – Asian Fighting Arts – Kodansha. Tokyo, 1960
(5) Maekawa, M.; Hasegawa, Y. Studies on Jigoro Kano – Significance of His Ideals of Physical Education and Judo. Bulletin of the Association for Scientific Studies on Judo. Kodokan Report II. Tokyo, 1963

Odair Borges (7º Dan) é mestre em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP), foi o primeiro judoca brasileiro a estagiar no Japão (Universidade de Waseda) no início da década de 70, foi integrante da seleção brasileira durante muitos anos. Cabe ressaltar que sua tese de mestrado foi avaliada (e aprovada) no Japão posto que, na época, não havia uma banca examinadora brasileira preparada para analisar um trabalho específico de Judô.

Fonte: JUDOBRASIL

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Curso de Renraku e Kaeshi Waza

Curso de Fundamentos de Renraku-Renka-Waza e Kaeshi-Waza
(Combinações e Contra Golpes).
Data: 21/02/2010
Horário: 09:00hs
Local: Av. Cruzeiro do Sul, 458 - Canindé.
Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo.


by Dimi

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Brasil é ouro com Mayra Aguiar na Copa do Mundo e totaliza quatro pódios.

Depois de um 2009 decepcionante, sem medalhas no Mundial, os brasileiros do judô começaram 2010 de modo diferente. Prova disso é o fim de semana de Copas do Mundo, encerrado neste domingo com quatro medalhas. As mulheres foram a Budapeste (HUN) e voltam com um ouro e uma prata. Em Viena (AUT), a delegação masculina acabou com duas pratas.

Após a prata de Sarah Menezes no sábado, o Brasil faturou seu único ouro neste domingo. A responsável pelo feito foi Mayra Aguiar, que venceu todos os seus cinco combates. Também no domingo, Luciano Corrêa (-100 kg) e Walter Santos (acima de 100 kg) só foram brecados na final, ficando com a prata.

Mayra, judoca de 18 anos, faturou o título da competição na categoria até 78 kg ao vencer na decisão a japonesa Tomomi Okamura. O triunfo da medalhista de prata do Pan do Rio-2007 veio por ippon e foi o seu segundo em Copas do Mundo.

De seus cinco combates realizados na capital húngara, Maya venceu quatro deles com a pontuação. Ela começou derrotando a colombiana Anny Cortes Ortiz por ippon. O mesmo aconteceu diante da canadense Catherine Roberge e da judoca da casa Abigel Joo. Apenas nas quartas-de-final, contra a japonesa Ruika Sato, o triunfo não veio pela pontuação máxima.

"Mayra não deu chances para a japonesa na final e teve atitude desde o primeiro segundo", disse a técnica Rosicléia Campos. "Ela é extremamente competidora e luta muito concentrada, com traquilidade e equilíbrio. Isto faz toda a diferença. A atuação dela nesta Copa do Mundo foi impecável."

As medalhas de prata foram atingidas nas duas categorias mais pesadas do judô, em Viena. Luciano Corrêa, quinto do mundo, foi derrotado na decisão pelo japonês Kaihan Takagi por ippon. Walter Santos também teve um algoz nipônico: Hiroki Tachiyama conquistou o ouro por waza-ari.

“É sempre complicado o começo da temporada e, por isso, as competições internacionais são importantes", disse Luciano. "Acredito que ainda há muito que melhorar tecnicamente e uma boa participação, como a deste domingo, me motiva ainda mais para correr atrás dos meus objetivos para este ano. O saldo após os dois torneios que disputei esse ano é positivo e vou batalhar. Quero estar entre os melhores do mundo, mais uma vez."


As derrotas brasileiras mostram a superioridade japonesa, que deixou a competição masculina com cinco ouros, duas pratas e dois bronzes. Além do Japão, apenas Mongólia e Eslovênia tiveram campeões.

Tiago Camilo ficou próximo de aumentar o número de pódios. Depois de ter saído do Grand Slam de Paris com um bronze, ele não teve a mesma sorte em Viena, na categoria até 90 kg. O campeão mundial de 2007 venceu três vezes, contra Anthony Sangimino (EUA), Marcus Nyman (SUE) e Varlam Liparteliani (GEO). No entanto, teve pela frente o japonês Daiki Nishiyama e foi derrotado por ippon.

Camilo teve a chance do bronze na repescagem e venceu o tcheco Michal Krpalek por ippon. Em seguida, no entanto, não repetiu o desempenho contra o britânico Matthew Purssey e terminou fora do pódio. O campeão foi o japonês Daiki Nishiyama.

Nacif Elias, que luta entre os judocas de até 81 kg, parou nas oitavas de final, após dois triunfos. Ele foi derrotado pelo japonês Tomohiro Kawakami, por waza-ari.

Na categoria feminina acima de 78 kg, Maria Suelen Althemam teve uma vitória e chegou à repescagem da competição, após começar a chave como bye. No entanto, ela perdeu suas chances de ficar com o bronze ao cair diante da ucraniana Tatiana Andrushchenko.

Além dos resultados deste domingo, o Brasil conquistou no sábado uma medalha de prata, com Sarah Menezes. Ela vinha de uma quinta colocação no Grand Slam de Paris e só foi parada na final na capital francesa, quando foi superada por rival do Japão, Haruna Asami

Fonte: UOL Esporte

By Dimi