Antonio Oliveira Costa e sua esposa Maria Salvador da Costa, ambos ex-presidentes da Federação Mineira de Judô durante a "era Mamede", foram condenados a 16 anos de prisão em regime fechado, pela Justiça Mineira. Em ação penal movida pelo Ministério Público, os ex-dirigentes foram considerados culpados por crimes como desvio de verba, formação de quadrilha e apropriação indébita. A defesa do casal já entrou com pedido de anulação da sentença.A decisão foi registrada no dia 27 de maio e publicada no Diário Oficial dois dias depois. Embora condenado, o casal ainda não foi intimado e segue em liberdade, segundo informou o advogado de defesa Antonio Velloso Neto.O casal comandou a entidade mineira no período em que Joaquim Mamede presidiu a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) - de 1980 a 2001. A polêmica administração do mandatário foi marcada por acusações de corrupção e irregularidades. Aliado de Mamede, Antonio Oliveira foi presidente da federação a partir de 1984, permanecendo no cargo até 1987. Em seguida, foi a esposa, Maria Salvador, quem assumiu o comando da entidade, até 2001, quando foi destituída do cargo, sendo substituida por uma comissão interventora.Após sua saída, a Federação Mineira, já sob a tutela de Geraldo Brandão de Oliveira, entrou com uma ação para investigar a passagem de ambos pelo cargo. Os problemas incluem o desvio de verbas da entidade, desvio de valores de um bingo e eles também teriam lesado o "Livro de Ouro" da Federação, entre outras acusações.Com a condenação do casal e mais dez envolvidos - com menores penas -, a atual presidência da federação, a cargo de Luiz Augusto Martins Teixera, entrará com uma medida de execução provisória, em que tentará receber o valor que foi apropriado pelo casal. A ação inicial falava em uma indenização de cerca R$ 140 mil, valor que pode assim retornar aos cofres da entidade."Essa notícia a gente recebe em um primeiro momento com uma tristeza muito grande, porque é um escândalo que envolve o nosso esporte", afirmou Teixeira, atual presidente. "Em um segundo momento, vem a alegria de saber que a Justiça está sendo feita e que está punindo quem anda fora da lei. Esse processo, na verdade, foi um esforço conjunto de várias pessoas, de uma parte do judô mineiro que clamava por justiça."O dirigente ainda aguarda os próximos passos da defesa de Antonio Oliveira e Maria Salvador. "Como foi em primeira instância, eles podem recorrer e ter redução da quantia, da pena ou até mesmo serem inocentados", completou ele.Neto, que representa a família Costa (o casal e dois filhos) e mais quatro envolvidos no caso, informou que já entrou com pedido para anular ou reformular a sentença para absolvê-los. "Estou confiante, porque o juiz não examinou uma das teses da defesa, o que torna a sentença nula. É um dos pedidos que encaminhei ao Tribunal de Justiça", explicou. O advogado acrescenta ainda que o juiz aceitou prova ilícita para condenar e a pena, aplicada ao extremo, não seguiu as regras legais.Teixeira afirmou que tem certo temor de a condenação dos ex-presidentes trazer uma mancha para o esporte, mas ressalta que os envolvidos com o judô em Minas Gerais é que pediram pela punição. "Estou tratando este assunto com muita delicadeza. Não estou condenando ninguém, quero garantir que a instituição não vai ser lesada", concluiu o presidente da Federação Mineira.
Maurício Dehò e Roberta Nomura.Fonte UOL Esporte
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