sexta-feira, 10 de julho de 2009
Irmãs Silva saem da Cidade de Deus para comandar nova geração do judô
A cara do judô brasileiro mudou definitivamente. Há tempos o esporte deixou de ser exclusivo dos descendentes de orientais. Agora, as camadas menos favorecidas da população já tem acesso aos tatames e começa a chegar à elite da modalidade. Prova disso são as irmãs Silva, que saíram da comunidade carente da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, para comandar a nova geração da seleção brasileira.
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
O sucesso atual das irmãs Silva quase foi ameaçado por um problema comum em comunidades carentes brasileiras, como a Cidade de Deus, de onde elas vieram: a gravidez na adolescência.
Aos 15 anos, Raquel (à esquerda, ao lado de Rafaela) disputou um Campeonato Pan-Americano sem saber que estava esperando um bebê. Foi campeã e tomou um susto ao voltar ao Rio.
"Só quando ela voltou da competição é que nós ficamos sabendo que ela estava grávida. Naquele momento foi uma barra, mas hoje a Carolzinha já tem três anos, deu tudo certo", relembra Canto.
DERLY FORA DA COPA DO MUNDO
Rafaela, a mais nova, de 17 anos, é uma das maiores revelações do judô verde-amarelo dos últimos anos. No ano passado, foi campeã mundial júnior, na Tailândia. Neste ano, conquistou a Copa do Mundo de Madri e levou o bronze no Grand Slam do Rio de Janeiro, na semana passada. Sua irmã, Raquel, de 20, já foi campeã do Pan-Americano da modalidade e, neste ano, foi prata na Copa do Mundo de Lisboa.
As duas são os frutos mais brilhantes do Instituto Reação, do medalhista olímpico Flávio Canto, um projeto de inclusão social por meio do esporte, desenvolvido em quatro comunidades carentes do Rio, entre elas Cidade de Deus e Rocinha. "Elas são as principais estrelas do Reação. Treinam desde o início, com o meu técnico (Geraldo Bernardes). É surpreendente ver como elas se desenvolveram rápido", afirma, orgulhoso, o medalhista olímpico.
"Eu comecei no judô com cinco anos, perto de onde eu morava. Em 2000, passei a treinar no Reação. Meu pai reclamava que eu e minha irmã ficávamos muito tempo na rua. Então, eu fui fazer judô, e a Raquel foi fazer dança. No final, eu a convenci a vir para o judô também", diz Rafaela.
"A gente tem muitos cases de transformação de sucesso no projeto. E as duas representam os dois caminhos que nós traçamos, unindo esporte e educação com sucesso. As duas estudam, a Raquel em universidade e a Rafaela em colégio, os dois particulares, por causa do projeto. Deixaram de ser bagunceiras na escola", completa Canto.
A mais nova das irmãs Silva, Rafaela, além de Canto, vão disputa neste fim de semana a etapa da Copa do Mundo de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O campeonato é o último da seleção brasileira principal antes do Mundial de Roterdã, em agosto. Após a competição mineira, os técnicos brasileiros vão definir os representantes do país no torneio holandês. Raquel embarcou na quarta-feira para Portugal, onde disputa os Jogos da Lusofonia.
Na categoria leve (57kg), Rafaela tem como rivais por uma das vagas a medalhista de bronze nas Olimpíadas de Pequim, Ketleyn Quadros, Mariana Barros e Katherine Campos. Na categoria meio-leve (52kg), as rivais de Raquel são Érika Miranda, que foi quinta colocada no Mundial de 2007, Regiane Carvalho e Andressa Fernandes.
Fonte: UOL Esporte.
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