Sensei Angelo Villaça

quarta-feira, 5 de agosto de 2009


A seleção brasileira que disputará o Mundial de Judô, entre os 26 e 30 de agosto, em Roterdã, na Holanda, tem um integrante em busca de redenção. Após "bater na trave" na briga por medalhas em quatro oportunidades, Daniel Hernandes busca subir no pódio pela primeira vez na competição. Para isso, terá que superar problemas em sua preparação causados pela falta de patrocínio.


OS MUNDIAIS DE HERNANDES

Hernandes disputou quatro mundiais, mas acabou ficando fora do pódio
1999: Birmingham (ING) - 5º lugar*
2001: Munique (ALE) - 5º lugar*
2003: Osaka (JAP) - 5º lugar
2007: Rio de Janeiro (BRA) - 5º lugar*
2009: Roterdã (HOL) - ?
* competiu na categoria absoluto

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Este será o quinto Mundial de Hernandes. Nos quatro anteriores, o brasileiro teve um bom desempenho nas primeiras lutas, mas falhou nos momentos decisivos e acabou na quinta colocação em todos eles. Para acabar com a "síndrome do quinto lugar" e dar o passo que falta para subir no pódio, o judoca de 30 anos conta com a experiência acumulada nas outras edições.

"Hoje, o que me ajuda é a experiência que adquiri. Não vou cometer os mesmos erros que cometi nos Mundiais anteriores. O que eu quero é lutar bem, pois estou devendo essa medalha para mim mesmo", comentou Hernandes. O judoca tem como exemplo o seu desempenho no Grand Slam do Rio de Janeiro, disputado neste ano, quando foi o único brasileiro a conquistar uma medalha de ouro. "Tive lutas difíceis neste ano e não errei".

Mas a busca por uma medalha no Mundial está sendo atrapalhada por um fator de fora dos tatames. Sem patrocinador, Hernandes é obrigado a dividir o seu tempo entre os treinos no Esporte Clube Pinheiros e o emprego de professor de judô em um colégio da capital paulista.

"Isso acaba atrapalhando, pois na hora em que deveria estar descansando, tenho que dar aulas a tarde toda. Mas eu preciso do dinheiro e da bolsa [de estudos] para o meu filho. Neste momento, as coisas estão bem difíceis", comentou o judoca.

Hernandes era considerado um dos melhores judocas do mundo na categoria pesado até 2006. Foi quando uma série de lesões prejudicou o desempenho do lutador. No fim daquele ano, passou por uma cirurgia no cotovelo. Sem uma preparação adequada, viu a ascensão do jovem João Gabriel Schlittler e foi derrotado na seletiva para o Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007.

O mesmo problema voltou a ocorrer na busca por uma vaga nas Olimpíadas de Pequim. Hernandes foi obrigado a operar o joelho e o cotovelo. A nova cirurgia impediu o judoca de treinar e ele não conseguiu sequer uma vaga como reserva da equipe brasileira. Schlittler e Walter Santos foram os integrantes da seleção na categoria pesado.

"Passei por dois anos bem difíceis. Fiquei fora do Pan-Americano e das Olimpíadas, não conseguia lutar bem. Sentia muita dor para treinar e não consegui me preparar direito. Mas sabia que conseguiria voltar legal se estivesse melhor fisicamente", disse Hernandes.

Na fase mais difícil de sua carreira, o judoca brasileiro se apoiou em sua família para conseguir superar os momentos complicados. O período em que esteve em recuperação de sua segunda cirurgia coincidiu com o nascimento de sua filha Beatriz. "Ela nasceu no dia 24 de dezembro de 2007. Foi um presente de Natal. Na época, não podia nem pegar ela no colo direito, por causa da operação".

Em busca de superar a "síndrome do quinto lugar" em Mundiais e as dificuldades financeiras, Hernandes procura forças em Beatriz, hoje com 1 ano e meio, e em seu outro filho, Gabriel, de seis anos. "Minha fonte de inspiração são os meus filhos. Tudo o que faço é por eles. O judô é o que traz sustento para a minha casa e sei que vai dar frutos".

Fonte: UOL Esporte

by Dimi

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